Na sexta-feira ia no metro a caminho da casa da Cláudia e dei por mim a divagar sobre aquilo que me motiva nas coisas e que me faz continuar a estudar e a interessar-me por vários temas. Aos 4-5 anos despertou o meu gosto por animais, queria ser veterinário para poder tratar dos animais que então só conhecia através das réplicas de plástico compradas nas antigas lojas dos 300, adorava todos e quaisquer tipos de animais, grandes partes do meu dia eram passados a deambular por ribeiras a apanhar sapos e rãs, 
para quando chegasse a casa encher a minha banheira (aquelas de plástico para os bebés) com água e areia, para fazer uma pequena praia. E ali largava as minhas capturas, e ficava horas a vê-las viver na casa que eu construi. Quando me lembrava que elas podiam ter fome corria em busca de comida, e na maioria das vezes as minhas rãs tinham fugido quando eu voltava mas, sem nunca desanimar, partia em busca novos inquilinos para o meu resort de luxo.
Mais tarde, e à medida que aprendia mais coisas sobre o mundo, quis ser cientista. O mundo tinha tantas coisas bonitas, quantas mais existiriam para descobrir? A minha mente era diariamente abordada por ideias que eu podia assegurar nunca ninguém ter tido, queria crescer e poder mostrá-las a toda a gente! Aos 10 anos recebi um livro chamado Dicionário por imagens dos dinossauros da Pré-história, um nome que apesar de grande, era pequeno para todo o espanto e desejo que me causou. Estava repleto com imagens de animais que eu nunca tinha imaginado existirem! Quantas cores e formas ostentavam, uns eram grandes e assustadores enquanto outros, pequenos e dóceis. Imediatamente entrei num estado de delírio, “aposto que estes animais ainda existem! só que nunca ninguém procurou bem”, nas últimas páginas encontravam-se dezenas de figuras com pessoas bastante feias, algumas quase despidas e outras apenas com umas peles de animais em cima do corpo. Usavam pedras e comiam a carne crua! Ao ler as legendas aprendia tudo o que podia sobre os nossos antepassados, devorando cada pormenor e armazenando-o com carinho nas minhas memórias. Nas primeiras páginas estava algo que tinha deixado escapar, umas imagens com ossos de dinossauros e serem cobertas por areia, e a ficarem enterradas até que alguém os encontre, “então nós vivemos por cima de muitos dinossauros…e eu quero desenterrá-los!”. Duas páginas à frente uma pequena legenda por baixo de uma figura com um homem a escavar um buraco na areia, “Os paleontólogos são as pessoas que desenterram e estudam os fósseis”, paleontólogos… paleontólogos… paleontólogos, esta palavra ressoou na minha mente por breves instantes, e era isto que eu queria ser! Poder encontrar novos dinossauros e encontrar aqueles que foram os nossos antepassados. Explodia de excitação ao imaginar todas as historias que aqueles ossos podiam contar, e sonhava um dia poder conhecer o mundo como ele foi à milhares de anos.
No 7º ano tive uma nova disciplina, ciências físico-químicas, e a primeira matéria foi o sistema solar. Foi amor a primeira vista, não ouvi nada do que a professora dizia nas primeiras aulas porque estava demasiado ocupado a folhear o livro e a contemplar todas aquelas bonitas formas coloridas num fundo preto…Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão! Era necessário decorar a ordem nos planetas para o nosso primeiro teste, mas isso já eu sabia! Queria respostas a todas as perguntas que se formaram na minha cabeça enquanto folheava o livro. “Porque é que o universo é infinito? Porque é que gozam comigo quando digo que acredito em extraterrestres? Eu sei que o universo se formou com o Big Bang, mas o que havia antes disso?!? Também posso ir a Lua?”, perguntas que me eram respondidas com um sorriso de quem apreciava a minha ingenuidade, e numa das vezes a minha professora respondeu-me “Oh Rodrigo, isso nem os astrónomos sabem!”. “Astrónomos? É isso que eu quero ser!”, se eles não sabem é porque não são bons astrónomos, eu ia estudar e responder a todas aquelas perguntas que nunca ninguém me respondeu! Não muito mais tarde voltei a sentir o chamamento da natureza e como tinha que escolher uma área para seguir no secundário, decidi que queria ser biólogo. Mas como o que realmente me atraia eram os animais, e não as plantas, decidi que preferia ser zoólogo. 
E assim me mantive até que, durante algumas aulas de biologia, me apercebi que era muito mais do que apenas animais e plantas, era estudar o mundo vivo, a célula, a base da vida! Senti-me novamente vivo ao experienciar estas descobertas e a decidir que finalmente tinha descoberto, iria ser biólogo! Não muito mais tarde, e à medida que amadurecia pesava sobre mim a difícil decisão, o sonho ou a responsabilidade… Seguir biologia era o maior dos meus sonhos, mas com a falta de emprego nesta área e com a cada vez mais difícil vitória no mundo do trabalho tive de pensar em algo que me iria garantir uma vida estável, e é ai que entra a Engenharia informática, algo que eu também gostava (mas que nem se compara com biologia) e me poderia dar estabilidade no futuro. E assim foi, entrei neste curso e agora deparo-me com algumas dificuldades que serão decididamente ultrapassadas. E agora a corrente que liga tudo isto, pois até pode parecer que algumas coisas são completamente à parte mas há algo que as cimenta numa só. O Fascínio. Cada um destes desperta em mim um fascínio inexplicável, e é isso que me faz continuar. Desvendar todo e qualquer fascínio que exista na minha cabeça, e à medida que os for descobrindo, estarei a construir quem eu quero ser, e ficarei mais completo, mais eu.
E morrerei no dia em que não tiver nada com que me fascinar, porque é isto que me faz viver, e é isto que me faz avançar.
P.S. – Foi a cláudia que me ajudou com o título, que eu sou mentalmente estagnado para estas coisas.
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